27 de Agosto de 2018
O número de candidatos à Assembleia Legislativa de Minas ligado à bancada da segurança triplicou nesta eleição. Os pretendentes a uma vaga na Casa ligados a esse segmento saltaram de 11, em 2014, para 36 neste ano. Da mesma forma, as candidaturas vinculadas ao movimento evangélico mais que dobraram, indo de 7 para 15.
Dos 1.338 candidatos ao Legislativo Estadual neste ano, 10% optaram por explorar a sua área de atuação e fazer uma campanha setorizada. São 150 nomes que usam títulos, cargos e pronomes de tratamento, como doutor, professor, delegado e sargento. Também estão entre eles alguns que referem-se ao local onde trabalham ou o serviço que oferecem, como “do hospital”, “da escola”, “do supermercado” e “da padaria”.
Para o cientista político Rudá Ricci, a tática é uma forma de atrair o eleitorado de cada segmento, focando nas iniciativas que vão atingir a população interessada em um determinado nicho, serviço ou setor.
“Do ponto de vista do marketing, não é uma tática desprezível. São tantos candidatos, em um Estado enorme como Minas, que se basear em um segmento pode ajudar a fortalecer o nome, trabalhar melhor a marca. O eleitor interessado em mais ambulâncias, pode acabar votando no Joãozinho da Ambulância”, explica.
É exatamente no que aposta um dos representantes da área da saúde, o Dr. Marco Antonio do INSS.Natural de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, ele decidiu depositar no serviço prestado o seu mote de campanha.
“A minha marca como médico sempre foi a de dar apoio aos pobres. Quando optei por colocar isso no meu nome político é para que os eleitores saibam que não se trata de qualquer doutor Marco Antonio, é aquele que trabalhou no INSS”, acredita.
Viralização
Na semana passada, um jingle ganhou destaque nas redes sociais, o das candidatas Daniela da Saúde (PSDB), pleiteante a deputada estadual, e Mirelle da Saúde (PSDB), que tenta uma cadeira na Câmara Federal.
Divulgada na última quarta-feira, a música gravada pelas próprias candidatas, que se auto intitulam as “Gêmeas da Saúde”, levanta de forma cômica questões relacionadas à saúde brasileira.
O vídeo viralizou imediatamente e já contabilizava 72 mil visualizações até o fechamento desta edição.
Bancadas
Para Rudá Ricci, o fortalecimento das bancadas evangélica e da segurança também está ligado à tentativa de angariar apoio político e atrair eleitores.
Segundo o cientista político, o crescimento nas eleições para deputado estadual é reflexo de um movimento que acontece nacionalmente, e até em outros países.
“A bancada da bala vem crescendo em toda a América Latina, não apenas no Brasil, e a evangélica ganhou uma força assustadora nos últimos anos. O crescimento dessas bancadas no Congresso Nacional acabou se refletindo também no pleito ao cargo de deputado estadual. Muitos se aproveitam disso e eu até suspeito que alguns candidatos da bancada evangélica sequer são ligados à igreja. Querem apenas absorver esse eleitor”, defende.