22 de Agosto de 2018
Altura de jogador de basquete, a cinco meses de distância da maioridade e um sonho, literalmente, de gente grande. Um dos heróis do Atlético na campanha do hexa na Taça BH, o goleiro Junior trilha o caminho para aposentar os pais, carpinteiro e empregada doméstica, e de chegar à equipe principal do alvinegro.
Com contrato até o início de 2020, Sivaldo de Jesus Santos Junior, de incríveis 2,03 metros - a mesma altura de Lebron James, ala-armador do Los Angeles Lakers -, aos poucos vai ganhando destaque e maturidade para ser acionado no Campo 1 da Cidade do Galo.
Para se ter ideia do diferencial de Junior, de 17 anos, no quesito altura, caso já defendesse a equipe de Thiago Larghi, ele seria o atleta mais alto do elenco e também do Brasileirão. Atualmente, estes postos são ocupados por Iago Maidana (1,96m) e Caíque, goleiro do Vitória, que tem dois centímetros a mais. Na Copa da Rússia, inclusive, ele também seria o mais alto, caso fosse acionado por Tite; o croata Lovre Kalinic, com 2,01m, foi o gigante do Mundial.
Do sonho à realidade
Nascido em Serra, no Espírito Santo, Junior começou a jogador bola com sete anos e nutria o sonho de ser atacante. A falta de habilidade para a função, porém, fez com que os treinadores das escolinhas fossem o recuando até chegar ao gol.
"Sempre fui grande. Um dia na escolhinha, não tinha goleiro. O treinador jogou a bola em direção ao meu peito e, sem querer, eu a agarrei com as mãos. Daí ele falou 'é você mesmo!'; e tudo começou", conta ao Hoje em Dia.
Logo no primeiro jogo, ele mostrou que tinha talento. O cartão de visitas, o mesmo mostrado ao torcedor atleticano recentemente, foi dado com duas defesas de pênaltis.
Aos 12, finalmente iniciou a saga de Junior em busca da realização do sonho de ser jogador futebol. No Desportivo Brasil-SP, ele teve a primeira oportunidade e por lá ficou até os 14, antes de ser dispensado. Sem dinheiro para bancar a passagem para a Terra da Garoa, Sr. Sivaldo e Dona Valdirene precisaram recorrer ao tio Valmir e à saudosa patroa da mãe, que usou o cartão de crédito para comprar o bilhete. Isso, inclusive, emociona o "gigante do Sub-17".
"A passagem foi descontada no salário da minha mãe e a outra parte meu tio dividiu para os meus pais. Isso me emociona muito", relata. Com 15 anos, de volta à terra-natal, foi visto por um olheiro do Atlético durante uma partida e acabou trazido para Belo Horizonte.
"Didinha": o pegador de pênaltis
Com seis defesas de pênaltis desde que chegou ao alvinegro, Junior conta que nas quartas de final da Taça BH, contra o Santos, se inspirou num goleiro ídolo no arquirrival Cruzeiro e também na Seleção Brasileira para levar o time à fase seguinte.
"Todo mundo na minha cidade me chama de Dida. E a torcida do Atlético começou a me chamar de Didinha. Na Taça BH, antes de todos os jogos, eu criei o hábito de assistir vídeos dele. Como a gente jogava na Arena do Jacaré, eu assistia lances dele para me inspirar. No jogo contra o Santos, algo me mandou assistir as cobranças de pênaltis que ele defendeu. E isso me inspirou", conta o goleiro.
Dividindo quarto na Cidade do Galo, onde mora, Junior sabe o que vai fazer quando receber o primeiro grande salário da carreira. Além de dar vida melhor aos pais e à irmã, ele quer realizar o grande sonho de Sr. Sivaldo: "vou comprar um sítio para ele e dar uma Hilux (caminhonete), que é o carro que ele mais gosta", finaliza.