28 de Março de 2018
Improvável é um adjetivo que não cabe no mercado sertanejo. Desde que ganhou uma linguagem mais moderna e urbana, trocando o romantismo dramático por festas, carros e bebedeiras, o gênero já passeou pelo pop rock, forró, arrocha e funk carioca. Faltava só se misturar ao ritmo eletrônico das baladas." Pois bem", não falta mais: o eletronejo está entre nós.
Alok, o DJ brasileiro mais popular do momento, já colocou suas batidas em "Paga de Solteiro Feliz", com Simone & Simaria, e em "Suave", com Matheus e Kauan. O duo JetLag Music já incrementou a pegada em "Meu Melhor Lugar", de Fernando & Sorocaba com Luan Santana.
“A sofrência não vai ter mais lugar em 2018. Vamos ouvir menos sanfonas e violão, e mais os beats acelerados”
A previsão é do compositor Maurício Mello, diretor da gravadora MM Music e produtor musical da dupla Henrique & Diego. "Antes você não ouvia música sertaneja em festas eletrônicas. Agora é comum intercalar uma música com a outra”.
"Os fãs mais jovens não distinguem sertanejo de eletrônico em suas playlists. Nossa estratégia agora é fatiar os álbuns e lançar vários singles, de preferência com um clipe acompanhando”
Ouvintes ecléticos.
No começo fiquei receoso. Depois percebi que o sertanejo é o pop do Brasil e me adaptei ao cenário trazendo a minha identidade e personalidade. Aprendi a gostar de sertanejo.
Alok
O DJ goiano estima que, atualmente, 70% de seus shows são em eventos populares onde tocam sertanejo, funk e pop. Apenas 30% ocorre em um nicho segmentado, voltado apenas para os ouvintes da música eletrônica.
Thiago Mansur, do JetLag Music, acredita que um show da Anitta em uma festa de rodeio já não causa mais estranhamento. "O streaming rompeu todas as barreiras territoriais, de estilo e idade. Até a minha avó está ouvindo sertanejo . De cima do palco, o DJ reconhece: o público que curte festivais eletrônicos, como Tomorrowland ou Ultra, também frequenta a Festa do Peão de Barretos e o Villa Mix. "Não é porque eu como arroz e feijão que eu não vou gostar também da culinária japonesa ou italiana", compara. "O Alok, hoje em dia, é uma celebridade. No ano passado, 50% dos meus shows foram em lugares sertanejos e 50% em balada. Neste ano, a porcentagem deve aumentar para o lado do sertanejo".