22 de Junho de 2016
Há um ano, Cristiano Araújo morreu em um trágico acidente automobilístico ao lado da namorada, Allana. Embora um ilustre desconhecido para parte dos habitantes dos grandes centros, o cantor vivia o melhor momento da carreira e era considerado um ídolo do sertanejo no interior de Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Essa fama é fruto de um trabalho que começou ainda na infância. O pai de Cristiano, João Reis, sempre incentivou e apostou no sucesso do filho, tanto que fazia questão que ele seguisse carreira solo para não dividir os holofotes com outro cantor.
O reconhecimento pode ter demorado mais do que eles previam, mas chegou. Em 2011, aos 25 anos, Cris lançou a faixa Efeitos, que se tornou uma das mais populares no País naquele período.
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A música garantiu ao cantor a exposição que ele precisava para integrar o seleto grupo dos cantores sertanejos que conseguem ter uma agenda com vinte apresentações mensais, acordos com grandes escritórios e gravadoras e cachês que superam R$ 100 mil.
Mas o trabalho principal de um músico nesse segmento não é chegar lá. É se manter. E é nesse momento que muitas carreiras se desviam e caem no ostracismo. Mas Cristiano soube superar o desafio com um repertório que equilibrava baladas românticas e músicas mais animadas.
Essa consagrada fórmula ajudou a mantê-lo em evidência tanto nas rádios, que preferem o sertanejo romântico na programação, como nas boates e casas de shows, onde as músicas de balada sobre bebedeira e pegação compõem a trilha sonora do jovem público frequentador.
Em quatro anos de atuação, ele nunca deixou de ter pelo menos uma música entre as mais tocadas do ano. Além deEfeitos, emplacou Hoje eu To Terrível, Maus Bocados, É Com Ela Que Estou e Caso Indefinido. Mesmo após a morte, as músicas continuaram tocando e a quantidade de visualizações do cantor no perfil de YouTube não para de crescer.
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Cris tinha como plano ficar tão em evidência quanto Luan Santana, Gusttavo Lima e Lucas Lucco, o dream team do sertanejo universitário. Um trunfo ele já tinha: um timbre mais bonito e uma voz mais versátil que a dos citados.
Para "competir" em pé de igualdade, ele ainda se submeteu a uma mudança completa de visual, emagreceu e começou a praticar musculação. Apesar de não ser essencial para atuar como músico, estar em forma é um dos requisitos básicos para amplificar a venda da imagem de um cantor pop.
Parcerias com grandes nomes do sertanejo e de outros estilos também faziam parte do plano de Cristiano para conquistar o Brasil. Assim como Safadão, ele acreditava que essa cooperação entre artistas é uma maneira para ampliar a base de fãs onde ninguém sai perdendo. A julgar pelo recente sucesso deAquele 1%, de Marcos e Belutti com participação de Wesley, a ideia tem fundamento.
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Por trás de tudo isso, o músico contava ainda com uma equipe competente, formada pelo empresário Toninho Santos, o produtor Rafael Vanucci e músicos tarimbados da música popular nacional. Isso sem contar o pai, que viajava para os shows com o cantor e decidia os rumos que ele deveria tomar.
Cris estava no caminho natural para se tornar um astro sertanejo conhecido até por quem nunca tinha ouvido falar dele até o momento da tragédia. Cristiano Araújo sabia onde queria chegar e tinha experiência suficiente para evitar erros comuns para quem estoura logo no início da carreira.
A julgar pelo último trabalho dele, o mega produzido DVD In The Cities, fica claro que o músico não se contentaria com o que já havia conquistado e não existia limites para o que ele desejava.