02 de Fevereiro de 2016
Jornalista Cecília Malan, elegante e dona do melhor inglês da TV, entrevistou os dois Neymares em Barcelona, pela Rede Globo.
Neymar, o craque, bom garoto, todo constrangido, exibiu sinceridade porque nada entende de situações contratuais complexas e de engenharias financeiras, ortodoxas ou não.
Ele só joga futebol, como pouquíssimos.
Seu rosto era de um menino chateado, mas de olhar sereno, digno daqueles que exibem ausência de culpa no semblante.
“Meu negócio é jogar futebol, estou chateado e confio em meu pai”, balbuciou o ainda mocinho.
O pai, não.
Neymar da Silva Santos apresentou-se lívido, tropeçando em palavras, suando um pouquinho, com um ou outro olhar de socorro pro lado onde talvez estivesse um advogado e foi divagando em suas complicadas explicações.
Era o rosto do apreensivo.
Cansei de falar e escrever que esse negócio Santos-Barcelona não cheirava bem.
Aliás, estava sozinho no tema com os chamados “investigativos” calados.
E o caso não para de feder e hoje já atinge o lugar mais íntimo, menos cheiroso e talvez também menos nobre de uma casa.
Mas a pérola de Neymar pai foi quando a doce Cecília Malan perguntou por que foram e são tão discrepantes os valores da transferência do filho da Vila para o Barça.
“Isso você pergunta pro Santos e pro Barcelona”.
Hipócrita!
Ora, foi Neymar pai, ao lado de seus assessores que adoram comissão, a elaborar a hoje tão investigada engenharia financeira para a saída do craque, aproveitando-se do omisso Odílio Rodrigues, fracassado presidente do Santos e sucessor do infeliz Laor.
Soubesse 1% desta milionária missa de padre ruim, Cecília Malan perguntaria: “Se isso é só com o Santos e com o Barcelona, então por que o senhor mandou seu emissário André Cury oferecer 5 milhões de euros ’em espécie’ para a DIS retirar o processo na Espanha contra vocês?”.
E a insistente oferta, segundo o advogado Roberto Moreno da empresa que continua tendo 40% dos valores reais da transferência do meninio-gênio, depois subiu para 6, 7 e até para 8 milhões de euros, sempre “em espécie”.
Delcir Sonda, o “bobão” que ficou rico vendendo comida e que não deveria ter entrado neste mercado nebuloso de dinheiro mal cheiroso de jogadores, teve a dignidade de dizer “não”, “não” e “não”.
Uma dignidade rara, entre empresários de atletas, em termos fiscais, tributários e até de brasilidade.
Ele não admitiu o “por fora”.
“Quero todos os meus ‘rêais’ (assim falam os gaúchos, como “churasco” e não churrasco) dos 40% que comprei por 6 milhões direto dos Neymares!”.
“E se ele, Neymar, não vingasse como o Lulinha do Corinthians? Alguém bancaria meu mico e meus prejuízos?”, pergunta sempre.
E agora o mais “interessante” da história.
Sabem quanto os Neymares tinham de percentual na venda dos direitos do craque?
0%!
Sim, 0%!
Porque em 2009 a DIS comprou dos dois, pai e filho, os 40% que eles detinham.
O restante, 60%, era do Santos FC!
Pois não é que quem tinha 0% ficou com a parte do leão de cerca de 100 milhões de euros?
E os outros 70 milhões de euros tomaram Doril?
É isso que Brasil e Espanha investigam.
E Sandro Rosell, então presidente do Barcelona?
Ora, esse merecia uma estátua no Camp Nou por ter contratado um Pelezinho, um gênio.
Nada disso, acabou sendo “renunciado” pelo Barça!
Por que será, hein?
Mas agora, Neymar pai, boa sorte nos processos e nos constrangedores depoimentos como réu, você e sua família.
Só que, se tudo der errado, como querem autoridades brasileiras e espanholas, suas engenharias financeiras terão comprometido a linda imagem deste gênio da bola que é seu filho biológico, hoje filho de todos nós do Brasil.
Você viu o André Esteves, até outro dia um “Neymar dos Bancos” pelo imenso e tão rápido sucesso?
Foi preso, destituído do mundo bancário e seu BTG de graúdo virou miúdo.
E você viu como os patrocinadores multinacionais estão fugindo das enroladas FIFA e CBF?
O mercado publicitário é pródigo, oportunista e inteligente, mas cruel também.
É um mercado que domino bem.
E se, Deus me livre, Neymar for “preso” ou preso, as companhias fugirão dele na publicidade como fugiram de Lance Armstrong e de Tiger Woods.
Mas, é claro, esses dois por motivos diferentes.
Que pelo menos “nosso” Neymar saia isento, “só” pagando pecuniariamente os pecados de seu pai, caso seja comprovadamente culpado.
Mas, se houver na sentença qualquer coisa relacionada à palavra “prisão”, o mercado publicitário ficará com os dois pés, uma cabeça e dois braços atrás em relação ao único realmente craque que temos hoje no Brasil.
Nunca mais seja guloso, esganado e insaciável, Neymar pai!
Parece até aquela velha máxima segundo a qual “quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”.
Isso está valendo para a política do Brasil também.
Por que essa sua pressa desenfreada de ganhar dinheiro deixando dúvidas ou “rabos” a descoberto para trás?
E já querendo virar “estrela” até insistiu com a Lupo para lançar um dia a “Cueca Neymar Pai”!
E o Porsche Cayenne que você comprou pro seu filho via “importação independente”?
“Economizou” miseráveis 50 ou 80 mil reais e o carro está preso na Receita Federal há anos!
Por que, Neymar pai, você não comprou direto da única loja autorizada da marca no Brasil?
Lá, fiz isso duas vezes!
E depois desse rolo todo, Neymar pai, veja o que estão lhe custando seus caros e eficientes advogados!
Não teria sido melhor contratar contadores top de linha de mercado daqui e de fora e livrando-se de seus “juristas” Ribeiro, Cury e Malaquias?
Tomara que vocês saiam dessa sinuca de bico só pagando multas indenizatórias aos fiscos do Brasil, Espanha e aos parceiros Santos, DIS e TEISA, que se sentem lesados.
Neymar pai, Neymar pai, tenha a paciência e a calma de alguém que deveria ter sacado que seu filho ainda é “pobre” perto do que ganhará merecidamente nos próximos 15 anos.
Mas pare urgentemente de dar caneladas e pontapés morais e éticos em nosso menino-gênio.
Ora, você até parece de rosto, mas não é o Zuniga!
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