21 de Julho de 2015
A família do cantor Cristiano Araújo, morto há quase um mês num acidente de carro, abriu um processo contra o apresentador Zeca Camargo. Camargo, como se sabe, fez uma crônica sobre a repercussão causada pela morte do sertanejo e causou uma grande polêmica. A reação contrária foi forte e o jornalista teve de pedir desculpas ao vivo num programa da Globo. E é por causa desse texto que Zeca está sendo processado.
Não estou aqui para defender o jornalista, acho que talvez não fosse o momento de dizer algumas coisas ali, no calor da hora. Mas o processo da família de Cristiano não se justifica de maneira nenhuma. Os parentes do cantor dizem que foram ofendidos e têm todo o direito de se sentir dessa maneira, ainda mais após um evento trágico como este. Daí a abrir um processo é um pouco demais.
O que Zeca Camargo fez foi apenas emitir sua opinião. É uma opinião de quem não é observador do mundo sertanejo, de quem está distante deste universo. Uma visão de alguém que tem uma outra formação e interesses. Mas é uma opinião e Zeca tem todo o direito de expressá-la. O que ele disse não agradou aos familiares e nem seus fãs e amigos, e Zeca sentiu a reação de todos na própria pele. Já é uma consequência direta do que falou. O jornalista foi julgado pelo que disse e, de certa maneira, acabou "condenado" pelo público.
A questão é que a família do sertanejo quer encontrar um bode expiatório pelo que aconteceu, só que não pode ser Zeca Camargo. O processo é uma clara tentativa de censura. Não dá para sair processando alguém assim. Caso contrário, o recurso vira uma ameaça à liberdade de expressão não só nesse, mas em qualquer outra situação que apareça por aí.
No meu caso, por exemplo: não tenho um disco de Cristiano Araújo, jamais fui a um show seu e conhecia apenas uma música (que é a que tocava em uma novela). Não sou nada fã de música sertaneja. Devo ser processado por causa disso? É óbvio que não e o mesmo vale para Zeca.
O processo não pede dinheiro de Zeca e tem a intenção de ser "educativa", o que é um absurdo. Assim como uma grande parte do Brasil idolatrava Cristiano, há um outro que não o conhecia. Esta outra parte está errada por não tomar conhecimento da existência do artista? Todos têm que ter o mesmo interesse e gostar das mesmas coisas? Óbvio que não. O mundo não se resume ao nosso umbigo e isso vale para os dois lados.