24 de Abril de 2015
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos emitiu alerta aos americanos para o risco de contrair dengue e malária em viagens ao Brasil. Em escala de 1 a 3, o país foi classificado como risco nível 1, de atenção. Isso quer dizer que o viajante deve adotar precauções. Libéria e Serra Leoa, por exemplo, são nível 3, por causa do ebola - e devem ser evitados. O Ministério da Saúde considerou a medida "adequada".
"O Brasil de fato está enfrentando epidemia de dengue em algumas regiões e cabe o aviso aos viajantes", afirmou o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch. O alerta sobre dengue foi publicado no site do CDC na segunda-feira. O texto informa que, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), houve o registro de 224.101 casos e 52 mortes só neste ano. São Paulo, Goiás e Acre são os Estados mais afetados.
O CDC ressalta que não há vacina nem remédio eficaz para prevenir a dengue e os viajantes devem usar repelentes. O centro sugere ainda que os turistas se vistam com calças e camisas de mangas compridas. Se usarem filtro solar, o repelente deve ser aplicado em seguida.
"A pessoa só se torna imune à dengue se foi infectada pelos quatro sorotipos da doença. E, se já teve infecção anterior, a chance de ter a forma grave da dengue é maior. Nesse sentido, é indiferente que o turista nunca tenha tido contato com a doença", explicou Maierovitch.
O CDC também emitiu alertas a respeito de malária. Em 27 de março, o país foi classificado como risco nível 1, por causa do registro de 23 casos de transmissão da doença no Rio e 5 em Goiás. A transmissão local significa que mosquitos foram infectados pela malária e estão espalhando a doença para a população, alerta o órgão. O centro recomenda que pessoas que estejam viajando para Goiás ou para a região serrana e áreas de mata atlântica do Rio também se protejam.
De acordo com Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), esse tipo de alerta é "mais ou menos recorrente" e se justifica no caso da dengue. "Estamos no meio de um surto e precauções devem ser tomadas", afirma.
As medidas mais eficazes para o combate à dengue são as preventivas, como controle de criadouros e saneamento básico, ressalta Denise. Já no caso da malária, a especialista considera que houve "certo exagero" do órgão internacional. "É um pequeno surto, muito localizado, no interior do Rio. De vez em quando acontecem esses casos, mas 99% dos registros de malária são na região amazônica. Isso ocorre porque os mosquitos encontrados na região Sudeste, por exemplo, são maus transmissores."
O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe, diz que a própria secretaria emitiu um alerta para malária em março, para chamar a atenção de pessoas que visitaram áreas de mata atlântica em Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Miguel Pereira.
"Esse tipo de alerta, se for direcionado e emitido de forma a não causar pânico, deve ser feito de forma rotineira. No ano passado, fizemos o mesmo com quem estava indo para a Europa, por causa dos casos de sarampo", afirmou Chieppe. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".