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Marta Suplicy virou a jóia rara do reportariado: se contar o que sabe, Brasil vira Indonésia

28 de Janeiro de 2015

Várias metáforas dilatadas permeiam o jornalismo na questão das fontes. Há quem diga que boa notícia não nasce no convento. Para outros, boa notícia é como flor de lótus: é linda, mas para ser colhida há que  se encharcar na lama do pântano, onde ele vivifica. Outros dirão que boa notícia só se colhe usando escafandro.



Este blog prefere a metáfora do âmbar-gris. Trata-se de uma concreção, uma pedra, a habitar o intestino dos cachalotes. Estes, quando comem lulas gigantes, não lhes conseguem digerir o bico. E este, daí, vira um tumor, instalado no aparelho excretor do bicho grande.



Baleeiros se matam para ver quem atinge primeiro os países baixos do cachalote: afinal é lá que está o âmbar gris. Uai: para que lutar para se atingir uma pedra que é um tumor brotado de uma lula, e que está “dans le cu” de um cachalote? Porque o âmbar gris é a base dos perfumes mais caros do planeta.



Como deus é irônico, não? A base de confecção de nossas fragrâncias mais sedutoras é um câncer que nasce naquele lugar de um bicho que vive de devorar lulas gigantes.



Gostou do tema? Em Moby Dick, reportagem que Herman Melville levou 14 anos apurando ( e travestiu de romance) há todo um capítulo sobre o âmbar gris.



Pois bem: Marta Suplicy virou o âmbar gris da imprensa.



De ontem para agora conversei com 4 grandes repórteres: todos  haviam sido pautados para colarem na Marta porque dela pode vir a grande bomba de neutrons a matar apenas os petistas,mas deixar em pé a estrutura do partido.



Esse é um raro axioma seguido pelos repórteres: dê um grude no  cidadão machucado que ele fará bem para a cidadania. Está disposto, pelas chagas que sofreu, a melhorar o país : nem que isso o faça explodir todas as pontes políticas pavimentadas ao longo de sua vida.



Luiz da Costa Pinto, então em Veja, grudou no Pedro Collor e este lhe ajudou a derrubar o irmão presidente. Xico Sá, então na Folha, grudou no PC Farias e ganhou um Esso. Hoje meio mundo gruda nos advogados de Youssef e Costa, para ver se tiram uma casquinha.



Assim que meu velho amigo Romeu Tuma Junior deixou a secretaria de Justiça do ex-presidente Lula, passamos a conversar. Nosso livro ficou 20 semanas seguidas em primeiro lugar na lista dos mais vendidos. Confira:



http://brasiliadoc.portalvox.com/comunicacao/2015/01/assassinato-de-reputacoes-e-o-unico-livro-de-jornalismo-entre-mais-vendidos-de-2014.html



Pois bem: até agora ninguém sabe em que grau Marta Suplicy vai falar. Mas o reportariado sabe que, se ela contar tudo o que sabe, a República fica de quatro e Dilma vai acordar, no outro dia, num outro país…



Marta, quem diria, virou o âmbar gris da oposição. Seu artigo na Folha foi apenas um tiro de aviso.



Dilma: se Marta resolver não ser política ao extremo, e não negociar o seu silêncio sobre os trambiques e sinecuras que viu, um novo pelotão de fuzilamento vai chocar a brasilidade.



Os repórteres sabem disso: e esta semana só pensam em Marta enquanto respiram…



Blog do Claudio Tognolli.



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