23 de Setembro de 2014
Membros da bateria da Faculdade de Engenharia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foram flagrados fazendo apologia ao estupro em um bar da região centro-sul de Belo Horizonte, no último sábado (22). Uma mestranda da Faculdade de Direito presenciou o fato e relatou os gritos que ouviu pelo Facebook: "(...) em coro cantavam 'Não é estupro, é sexo surpresa', dentre outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas."
Luísa Turbino, de 23 anos, conta que um grupo de cerca de 30 pessoas estava no bar cantando; algumas com camisas da Charanga Engrenada. Ela estava no local com o namorado e dois amigos. A situação a deixou indignada.
— Eu já estava incomodada com a gritaria mas quando cantaram isso [sobre estupro] imediatamente pedimos a conta a fomos embora.
O capitão da bateria, Bruno Saúde, informou que não presenciou este momento. Porém, confirmou que alguns membros da Engrenada foram para o bar após uma apresentação que fizeram em uma festa. Ainda segundo o capitão, a música cantada não faz parte do repertório da banda.
— Esta não é uma musica da bateria. Eu mesmo não a conhecia antes dessa repercussão. A Engrenada repudia essa atitude. No nosso repertório não tem nada de cunho sexista.
Por meio da assessoria de imprensa, a UFMG afirmou que "desaprova qualquer tipo de comportamento discriminatório, seja ele de caráter machista, sexista, racista, homofóbico, entre outros que desrespeitem a dignidade humana." Neste sentido, em maio deste ano a instituição divulgou uma resolução que proíbe os trotes estudantis, como aqueles que evidenciam práticas discriminatórias.
Veja o relato completo da estudante:
Hoje o Rei do Pastel foi dominado por uma turma de idiotas, componentes da Bateria da Engenharia da UFMG (que vergonha!), que em coro cantavam: "Não é estupro, é sexo surpresa", dentre outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas.
Mais triste ainda foi ver mulheres envolvidas na cantoria. E mais triste ainda perceber que ninguém mais se sentiu incomodado.
É preciso mesmo repensar o papel da universidade, sobretudo as instituições publicas. Acho um absurdo SEM FIM uma UFMG da vida ser conivente com esse tipo de comportamento, que ocorre não somente dentro da universidade, mas muitas vezes EM NOME da universidade. Mais absurdo ainda quando a universidade indiretamente (mas não sem consciência) contribui para que esses episódios aconteçam quando, por exemplo, emprestam sua estrutura física para o "ensaio".
Triste, lamentável. Confesso que não soube como agir (e talvez nenhuma reação valeria a pena diante de um bando de playboys bêbados). Mas fica no coração a esperança de que a luta jamais termine e que o futuro seja um lugar melhor.
* Com colaboração da estagiária Laura Marques