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Demissão de Juvenal Juvêncio pode implodir o São Paulo

16 de Setembro de 2014

Carlos Miguel manda embora Juvenal do São Paulo. O homem que o ressuscitou para o futebol. Mas Juvêncio promete vingança. Pior para o clube que tenta ser campeão do Brasil… 

Carlos Miguel Aidar teve coragem. Demitiu Juvenal Juvêncio do São Paulo. O presidente mandou embora de sua diretoria o homem que o ressuscitou para o futebol. O homem que, depois de três mandatos, elegeria quem ele quisesse no seu lugar. A notícia acaba de ser divulgada. E vai na contramão da recuperação fantástica do clube no Brasileiro. Logo depois da vitória diante do líder Cruzeiro.

Como foi colocado no blog, o clima nos bastidores entre os dois era péssimo. Tudo começou com os ataques de conselheiros à filha de Carlos Miguel, Mariana. Ela seria auxiliar do presidente. Mas como havia trabalhado como empresária de jogadores, sendo agente Fifa, as críticas vieram pesadas. Envolviam insinuações.

Aidar esperava que Juvenal se colocasse a favor de Mariana. Mas o ex-presidente se calou. Carlos Miguel considerou uma resposta. Interpretou que o ex-presidente concordava com os boatos. O atual presidente percebeu que ao lado de Juvenal nunca conseguiria o apoio da oposição para reformar o Morumbi.

Decidiu romper com o dirigente. Da pior maneira possível. O desmoralizou em uma entrevista. Como ex-presidente da OAB, advogado consagrado, cada palavra que disse foi pensada, calculada. Sua intenção era acabar com a reputação de Juvenal. O mostrar como ultrapassado. E, principalmente, mostrar aos conselheiros do Morumbi que não tem medo dele.

"Pagar bicho em dinheiro, no vestiário, em saquinho de pão? Acho que não dá mais. Dirigir o clube em duas, três pessoas... O jeito de ele gerir é ultrapassado.

"Viagens para diretores, conselheiros, passagens, hospedagens. Eu vendi 20 carros. Serviam pra quê? Para buscar pessoas. Diretor com carro e motorista por conta do clube. Meu carro está aí na porta, eu dirijo meu carro. O São Paulo parou no tempo.

"Encontrei o São Paulo muito pior do que imaginava, acostumado a benesses, com pessoas acostumadas a vantagens. Era comum ver diretor andando pelo clube com pacote de ingressos na mão para show, para jogo, distribuindo para sócios."

"A base deveria produzir mais jogadores. A base meio que se isolou do São Paulo. Quando assumi, tinha 320 meninos. Cortei para 240. E vai ficar entre 150, 160."

A entrevista dada à Folha caiu como uma bomba no clube. Foi tão pesada que muitos acreditavam que havia sido combinada. Um rompimento fajuto, para enganar os membros da oposição. Só para que Aidar tivesse o apoio que precisava. Não era.

A questão ficou familiar. O neto de Juvenal Juvêncio pediu demissão imediatamente do cargo de vice Joáo Paulo Juvêncio do cargo de diretor-adjunto de finanças. Ele é filho do ex-gerente de futebol do clube, Marco Aurélio Cunha. Os dois fizeram campanha para a eleição de Aidar.

Mas isso não bastou Aidar queria mostrar que era ele quem mandava no clube. Não seria marionete de Juvenal. E o ameaçou seriamente de demissão de diretor das categorias de base. Perderia a administração do CT de Cotia. Juvenal ficou revoltado com a situação.

Tudo piorou ontem, quando conselheiros empolgados com a vitória do São Paulo contra o Cruzeiro, queriam Pato diante do Corinthians. O clube deveria bancar R$ 1 milhão de multa. O jogador ainda pertence ao clube do Parque São Jorge. Mas conselheiros ligados a Aidar confirmaram que a 'péssima situação financeira' deixada por Juvenal impedia esse pagamento.

Isso foi a gota d'água. O ex-presidente teria ido ao escritório de Aidar. Os dois discutiram feio. O ex-presidente mostrou sua revolta e afirmou que foi traído. Já Aidar replicou afirmando ter demitido sua filha Mariana. Os dois teriam gritado um com o outro. E Juvenal foi demitido.

Essa foi a carta mostrando a postura oficial do clube. Divulgada há pouco.

"Comunico o fim da colaboração do Dr. Juvenal Juvêncio na diretoria por mim presidida. São Paulo Futebol Clube reconhece a importante contribuição que Juvenal sempre deu ao clube, primeiro como diretor, depois como presidente e por último como diretor novamente.

Neste momento em que o São Paulo Futebol Clube trilha novos caminhos, agradeço pessoalmente o empenho de Juvenal durante tantos anos e presto minha homenagem a esse grande são-paulino.

Carlos Miguel C. Aidar.

Presidente"

A resposta veio pesada.

Foram demitidos também os auxiliares de Juvenal em Cotia, Geraldo Oliveira e Marcos Tadeu.

"O Carlos Miguel é um predador que vai acabar com o São Paulo. Está demitindo todo mundo como um maluco. Eu disse isso para ele. A traição é um processo terrível do ser humano. E ele está traindo todos que o apoiaram", afirma Juvenal.

"Ele quer aprovar um projeto (de reforma do Morumbi) que ninguém sabe qual é, quais são as empresas, quanto custa, nada!

"Ele é capaz até de demitir o Muricy porque o Muricy não aceita aquele monte de jogadores que o Carlos Miguel tenta empurrar. O Aidar é um maluco. Ele está fazendo um tratamento de beleza. Acho que os remédios estão afetando os seus neurônios." Juvenal ironizou Aidar há pouco ao Estado de São Paulo.

O ex-presidente tem 82 anos. Está lutando com um câncer de próstata. Ainda é muito poderoso no São Paulo. Só não continuou sendo o principal dirigente do clube porque era proibido por estatuto. Tinha apoio de sobra para mais um mandato. Sua força no Conselho Deliberativo é enorme. E desde já, os conselheiro ligados a ele prometem guerra a Carlos Miguel.

Por ironia do destino, foi Aidar quem deu o cargo de diretor de futebol a Juvenal em 1984, quando era presidente. Trinta anos depois, Juvenal retribuiu o favor. Ressuscitou Carlos Miguel oferecendo a ele a chance de concorrer como representante da situação à presidência do clube. Sem chance de vitória, a oposição até desistiu da eleição.

Com o rompimento drástico, o reflexo imediato ser no Conselho Deliberativo do clube. O sonhado projeto de reforma do Morumbi, desejado por Carlos Miguel, deverá ter a resistência agora também da oposição. Muitos e muitos conselheiros já estavam estrando a postura vaidosa de Aidar. Comprou briga com o Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo, CBF. José Maria Marin é amigo de décadas de Juvenal.

A situação é complicadíssima. E pode sim afetar a briga do time na luta com o Cruzeiro pelo título do Brasileiro. Milton Cruz, por exemplo, é homem de total confiança do ex-presidente. O medo de muitos conselheiros é que Aidar saia demitindo as pessoas de confiança do ex-mandatário.

O que está em jogo agora é uma guerra intensa de egos. Na prática, Juvenal, o homem que ressuscitou Carlos Miguel Aidar foi demitido. Pelo seu protegido. Mas promete vingança. Usando os muitos conselheiros que estão do seu lado. Enquanto esses dois homens continuarem a brigar, tudo será muito pior para o São Paulo. Só que ambos se esquecem do clube que juram amar...



Crédito: Cosme Rímoli



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