Duas semanas após o início do restauro de obras do artista plástico Bassano Vaccarini (1914-2002) em Altinópolis, parte delas já foi novamente alvo de pichação.

"Restaurei e quando vi, já haviam pichado novamente. Não tem como impedir", disse o artista plástico Thirso Cruz, 76, contratado pela prefeitura para fazer o serviço.

As esculturas que foram alvo de vandalismo ficam no Jardim das Esculturas, a céu aberto, onde há um conjunto de sete obras que representa uma assembleia de mulheres e crianças.

"Picharam logo no dia seguinte ao trabalho que fiz. É uma situação complicada."

Segundo Cruz, no local é comum a permanência de usuários de droga, principalmente durante a madrugada.

Para preservar o legado de Vaccarini e evitar ações de vandalismo, o governo estudou medidas como o fechamento da praça por cerca e a instalação de câmeras.

Entretanto essas possibilidades foram descartadas pela prefeitura, segundo Elias Alfredo Filho, secretário da Cultura e Turismo.

"A única alternativa, e a mais viável, é fazermos um trabalho educativo com a população", afirmou.

Cruz, que faz o restauro sozinho, também irá recuperar outras obras na cidade.

Entre elas estão o painel de São Martinho, no Parque do Lago, e as esculturas da praça do Trabalhador, que homenageiam os operários.

Também está na lista a escultura de Vaccarini em frente à prefeitura da cidade.

No geral, as esculturas têm rachaduras e detalhes quebrados, decorrentes da falta de manutenção e preservação, além da ação do tempo.

Os restauros são feitos de manhã, quando o sol ainda está fraco. Não há prazo para a conclusão dos trabalhos.

"Já não sou mais novo como antes [para trabalhar sob sol forte]", disse o artista.

Cruz auxiliou Vaccarini no primeiro trabalho do artista em Ribeirão Preto em 1956, quando criou obras para o centenário da cidade.

Depois, trabalhou com ele na criação de outras obras e manteve uma relação de amizade até a sua morte. Fonte: Folha de S.Paulo